domingo, 17 de agosto de 2014

Quarto de despejo

Quarto de despejo - O diário de uma favelada

Autora - Carolina Maria de JesusEditora Ática  - 1993 (2ª edição)

Acompanhando o  cotidiano de Carolina,conhece-se um pouco da vida didicil dos moradores de uma favela.
O livro é um diário onde Carolina Maria de Jesus registra alguns fatos mais frequentes do seu cotidiano:  levantar de madrugada para buscar água ,fazer um café, catar papel, vender ,enfim um ritual diário para sobreviver. Sua renda provem do que consegue arrecadar.
O cotidiano de Carolina se caracteriza como uma luta constante pela sobrevivência, a necessidade de conseguir sustento para si e para seus três  filhos.
Os acontecimentos que Carolina de Jesus narra se passam nos anos de 1955,1958,1960. Ela retrata a situação miserável de um grupo social na metrópole ( São Paulo),o politico que só vai a favela na época de eleição. Além da miséria e da fome, a autora apresenta outros graves problemas sociais: alcoolismo, racismo ,miséria , fome.
Os diários de Carolina Maria foram descobertos pelo repórter Audálio Dantas, que a conheceu durante uma reportagem na favela do Canindé, localizada às margens do rio Tietê, na metrópole de São Paulo. A catadora escrevia em cadernos que encontrava no lixo – ao todo, ocupou mais de 20, nos quais descreveu minuciosamente o seu cotidiano e, com raras exceções por desilusão com a vida ou outros imprevistos. O repórter, com 28 anos, interessou-se pela coragem daquela mulher, na época com 49, e pediu para ler os tais diários. E  se impressionou com a sinceridade dos escritos.
Carolina Maria escancara os sentimentos de uma pessoa impedida de adentrar o mundo dignamente. Fala mal de políticos da época – não gosta de Juscelino Kubitschek –, comenta sobre Jânio Quadros e indigna-se com políticos que, na sua visão, só olham para a favela em época de eleições. Na condição privilegiada da qual dispunha (saber ler e escrever), via-se como porta-voz dos favelados. Acreditava que, por meio dos escritos sobre o Canindé, conseguiria expor o que é a realidade em um lugar miserável e esquecido.
“…Eu classifico São Paulo assim: O Palácio, é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o Jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos.” .”(Quarto de Despejo – Carolina Maria de Jesus)
E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!”
...”Quando um politico diz nos seus discursos que está ao lado do povo ,que visa incluir-se na política para melhorar as nossas condições de vida pedindo o nosso voto prometendo congelar os preços, já está ciente que abordando esse grave problema ele vence nas urnas. Depois divorcia-se do povo .Olha o povo com os olhos semi-cerrados.Com um orgulho que fere a nossa sensibilidade.”   Os problemas sociais como moradia, alimentação, atendimento médico dentre outros direitos dos cidadãos são os mesmos de hoje. Os quartos de despejo,multiplicados,estão transbordando.(1993- Audálio Dantas)


“Um milhão e 900 mil pessoas moram em favelas (FIPE, 94) em São Paulo, um milhão em cortiços, cerca de três milhões vivem em moradias precárias. Esta realidade se agrava a cada ano que passa. O número de favelados evoluiu de um milhão e duzentos mil, em 1990, para quase dois milhões no ano de 2000. O número de cortiços também aumentou. As moradias precárias nas periferias (áreas não urbanizadas) cresceram assustadoramente. A população de rua atinge quase 15 mil pessoas.”http://www.social.org.br . 

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