Quarto de despejo - O diário de uma favelada
Autora - Carolina Maria de JesusEditora Ática - 1993 (2ª edição)
Acompanhando
o cotidiano de Carolina,conhece-se um
pouco da vida didicil dos moradores de uma favela.
O
livro é um diário onde Carolina Maria de Jesus registra alguns fatos mais
frequentes do seu cotidiano: levantar de
madrugada para buscar água ,fazer um café, catar papel, vender ,enfim um ritual
diário para sobreviver. Sua renda provem do que consegue arrecadar.
O
cotidiano de Carolina se caracteriza como uma luta constante pela sobrevivência,
a necessidade de conseguir sustento para si e para seus três filhos.
Os
acontecimentos que Carolina de Jesus narra se passam nos anos de
1955,1958,1960. Ela retrata a situação miserável de um grupo social na metrópole
( São Paulo),o politico que só vai a favela na época de eleição. Além da miséria
e da fome, a autora apresenta outros graves problemas sociais: alcoolismo,
racismo ,miséria , fome.
Os
diários de Carolina Maria foram descobertos pelo repórter Audálio Dantas, que a
conheceu durante uma reportagem na favela do Canindé, localizada às margens do
rio Tietê, na metrópole de São Paulo. A catadora escrevia em cadernos que
encontrava no lixo – ao todo, ocupou mais de 20, nos quais descreveu
minuciosamente o seu cotidiano e, com raras exceções por desilusão com a vida
ou outros imprevistos. O repórter, com 28 anos, interessou-se pela coragem
daquela mulher, na época com 49, e pediu para ler os tais diários. E se impressionou com a sinceridade dos escritos.
Carolina
Maria escancara os sentimentos de uma pessoa impedida de adentrar o mundo
dignamente. Fala mal de políticos da época – não gosta de Juscelino Kubitschek
–, comenta sobre Jânio Quadros e indigna-se com políticos que, na sua visão, só
olham para a favela em época de eleições. Na condição privilegiada da qual
dispunha (saber ler e escrever), via-se como porta-voz dos favelados.
Acreditava que, por meio dos escritos sobre o Canindé, conseguiria expor o que
é a realidade em um lugar miserável e esquecido.
“…Eu classifico São Paulo assim: O Palácio, é a sala de
visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o Jardim. E a favela é o
quintal onde jogam os lixos.” .”(Quarto de Despejo – Carolina Maria de Jesus)
E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava
contra a escravatura atual – a fome!”
...”Quando um politico diz nos seus
discursos que está ao lado do povo ,que visa incluir-se na política para
melhorar as nossas condições de vida pedindo o nosso voto prometendo congelar
os preços, já está ciente que abordando esse grave problema ele vence nas
urnas. Depois divorcia-se do povo .Olha o povo com os olhos semi-cerrados.Com
um orgulho que fere a nossa sensibilidade.” Os
problemas sociais como moradia, alimentação, atendimento médico dentre outros
direitos dos cidadãos são os mesmos de hoje. Os quartos de
despejo,multiplicados,estão transbordando.(1993- Audálio Dantas)
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